quarta-feira, 19 de março de 2008

Minha turminha linda do curso de Informática em 2008

Boas Práticas
Projeto Fica Vivo


Um projeto piloto de prevenção à violência urbana está contribuindo significativamente para reduzir o número de homicídios em áreas violentas de Belo Horizonte (MG). Criado pelo
Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o projeto Fica Vivo é coordenado pela Secretaria Estadual de Defesa Social de Minas Gerais. Além da comunidade acadêmica e do governo de Minas, o Fica Vivo envolve o Ministério Público, as polícias Civil e Militar e outras entidades.
Iniciado em agosto de 2002, o projeto é uma alternativa importante para a prevenção à violência urbana, avalia o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime para o Brasil e o Cone Sul. O Fica Vivo foi implantado primeiramente na favela Morro das Pedras, o aglomerado urbano mais violento de Belo Horizonte, com o objetivo de reduzir o número de homicídios na região. De acordo com a metodologia desenvolvida pelo CRISP, o projeto combina dois ingredientes básicos. De um lado, pesquisa aplicada, multidisciplinaridade e análise quantitativa de dados para efeitos de planejamento e avaliação. Do outro, uma articulação de diferentes instituições e órgãos públicos que lidam com o problema da criminalidade e violência, com o apoio de uma instituição universitária.
Para atingir suas metas, o projeto Fica Vivo atua em várias frentes. Com o programa "Fruto do Morro", desenvolvido com a Escola de Medicina da UFMG, o projeto trabalha a prevenção do uso indevido de drogas e de doenças sexualmente transmissíveis, melhorando a qualidade de vida dos moradores. No espaço cedido por uma escola pública estadual, oficinas profissionalizantes são oferecidas para a comunidade pelo programa "Férias o Ano Inteiro". Essa atividade colabora com a socialização dos moradores, assim como o programa "Bom de Bola, Bom de Escola", que é coordenado pela Polícia Militar e promove torneios de futebol em quadras localizadas na região. Paralelamente, a Secretaria de Desenvolvimento Social e Esportes do governo estadual financia a reforma de quadras poliesportivas e promove outras atividades esportivas.
Na área de segurança alimentar, o projeto Fica Vivo atua por meio do programa "Morro sem Fome", pelo qual alimentos recolhidos em restaurantes da cidade são distribuídos para a população carente pela Polícia Militar, melhorando o relacionamento dos moradores com as forças policiais. Finalmente, um programa contínuo de análise e discussão realiza fóruns comunitários para que a população discuta ações para reduzir a violência. Com isso, é possível integrar todas as frentes do projeto com diferentes órgãos públicos estaduais e com as comunidades, o que facilita a solução dos problemas de criminalidade.
Os resultados do Fica Vivo são animadores. Na favela Morro das Pedras, o número de homicídios, tentativas de homicídios e assaltos caiu aproximadamente 50% em relação aos cinco meses anteriores à sua execução. De março a julho de 2002, foram 17 homicídios contra nove entre agosto e dezembro do mesmo ano. Mas as conclusões sobre o projeto ainda são preliminares. As estatísticas ainda estão sendo analisadas, com dados favoráveis e desfavoráveis. Mesmo assim, o CRISP considera que o projeto tem "indícios promissores".
A redução de homicídios e outras formas de violência ocorreu somente na área delimitada do Morro das Pedras que os pesquisadores chamam de "buffer", isto é, uma área que engloba um raio de até 300 metros fora da favela. Na região externa ao "buffer", onde estão sete bairros de classe média, a violência aumentou: dois homicídios em 2001 contra oito em 2002. Coordenador do CRISP, o sociólogo Cláudio Beato Filho diz que os homicídios fora do "buffer" apontam para a necessidade de se redefinir algumas ações. "As pessoas que brigavam dentro do 'buffer' passaram a brigar fora. Mas esse deslocamento não se dá em uma área muito grande, tem um certo limite", diz Beato, acrescentando que o projeto Fica Vivo está servindo de aprendizado para ações futuras.
O crescimento da violência urbana nas duas últimas décadas tem se constituído em um dos maiores desafios ao desenvolvimento da América Latina. O CRISP é voltado para a elaboração, acompanhamento de implementação e avaliação crítica de políticas públicas na área da justiça criminal e é composto por pesquisadores da UFMG e de órgãos públicos envolvidos com o combate à criminalidade.