segunda-feira, 7 de junho de 2010

Buscando a juventude que existe em cada um de nós

Convoco você para a defesa da vida e a retomar a vocação à felicidade. Seremos felizes na medida em que nossos direitos de pessoa forem respeitados e tivermos espaço para viver intensamente os nossos dons e nos revelar em nossa originalidade.

A juventude é plural e diversa. Respeitar e oportunizar para que essa juventude possa situar-se no mundo e projetar-se nele como pessoa feliz é tarefa de todas as instituições, desde a família, grupos de jovens, escola, trabalho, igrejas, sindicatos, associações... É preciso saber acolher, escutar e valorizar a novidade que são os jovens em suas idéias e descobertas, também no desejo de construir um mundo mais justo.

O sistema gera violência

Em uma sociedade marcada pela má distribuição de rendas e de bens, a vida vai perdendo o sentido. As pessoas passam a ser julgadas pelo que possuem e são condenadas às prisões por causa da cegueira em torno do patrimônio. Fica reduzido o grupo que detém toda riqueza do mundo contra a maioria que vive em estado de ausências, perdendo sua condição de dignidade humana. A falta de um espaço de acolhimento, de alimento, de carinho, de criação, de conhecer, de poder locomover-se e de viver como gente afeta a vida da pessoa e sua construção de uma vida mais feliz.

Essa sociedade injusta centra toda sua produção, sua informação e comunicação nos bens. E a pessoa humana fica à margem. Esse movimento é gerador de muita violência. Os meios de comunicação, com todos os seus recursos de informação, mobilizam nossos desejos para consumir, ao mesmo tempo em que o sistema econômico centraliza esse poder de compra nas mãos de uns poucos.

Nesta sociedade também se oferecem meios para dopar os desejos e para controlar as frustrações, através dos vários tipos de drogas. Elas também servem para manter o sistema. O narcotráfico está bem organizado e sustenta a economia do mundo. Junto com ele estão as indústrias bélicas, que mantêm as guerras e o funcionamento do comércio das drogas. Também há outros recursos que envolvem as pessoas como as novelas, criando um mundo de personagens, com problemas e com idéias, que nos ajudam a manter a mente em outro lugar que não seja em nossas vidas.

Todo esse sistema em funcionamento na sociedade é gerador de violência. Impede a maioria dos jovens de organizar seus projetos de vida e de realizar seus sonhos, o que muitas vezes os empurra para a marginalidade.

Queremos viver

“A juventude quer viver”!


Nessa conversa convido vocês jovens a defender seus direitos: lazer, saúde, educação, trabalho, moradia, entre outros. Vamos lutar contra a redução da maioridade penal, porque creio que uma pessoa em formação merece ser tratada de modo diferenciado. Façamos um voto de confiança na vida da juventude e vamos motivar os jovens a discutirem sobre temas que influenciam diretamente em suas vidas. Vamos provocá-los a ler os acontecimentos e a pensar por eles mesmos.

Apesar da divulgação sensacionalista que a mídia faz de crimes que envolvem jovens, principalmente quando as vítimas são filhos(as) de famílias abastadas, os(as) adolescentes responsáveis por crimes violentos são minoria: dos crimes praticados no país, segundo pesquisas apenas 10% são cometidos por adolescentes e só 1,09 % dos crimes que envolvem homicídios são praticados por pessoas com até 18 anos. Isso a despeito de serem jovens as principais vítimas da violência.

Os números se elevam apenas nos casos de tráfico de drogas (12,08%) e porte ilegal de armas (14,8%). Dessa forma, caso fosse adotada a redução da maioridade penal, isso traria um impacto extremamente reduzido no que se refere à redução da criminalidade.

Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) concluiu que 15% dos jovens que trabalham no tráfico têm entre 13 e 14 anos. O que faz supor que não haveria dificuldade em aliciar crianças cada vez menores a cada redução proposta na maioridade penal. Assim, rebaixar a idade penal equivale a jogar, cada vez mais cedo, as crianças no mundo do crime.

Queremos que todos os jovens possam ter direito à vida, à participação em grupos, a organizarem-se para que a vida em abundância aconteça e que as estruturas de morte sejam responsabilizadas pela violência e não os jovens e pobres que não têm a mínima condição para viver.


Precisamos debater e tratar dessa questão, nos envolver nesse fato.Precisamos integrar os jovens na sociedade, compartilhar com eles as descobertas que fizemos em nossos caminhos.

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